sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Herdeiros de Romeu e Julieta.

Estamos acostumados a ver em série, novelas, especiais, em quase todo tipo de exibição, o mocinho que gosta da mocinha mas não pode, ou não consegue ficar com ela por diversos motivos,pessoas ou situações. Não sei de onde vem a idéia inicial, mas só me faz pensar em uma hipótese: essa é uma herança de Romeu e Julieta! Casal que tenta a qualquer custo ficar junto é uma história que sempre rendeu, em livro, cinema, tv. Se a receita deu certo, porque não propagá-la? Mas, nenhum dos roteristas e escritores imaginam que esse enredo já está batido? Desde que consigo entender o que vejo, estão aí novos casais, e a minha indignação se dá somente agora, porque ao ver nessa segunda-feira a nova temporada de Malhação, fiquei revoltada! Toda temporada tem o moço bonzinho que gosta da moça boazinha, mas tem sempre um mau ou uma má que quer separar o casal. São quantos anos dessa "novela"? Quantas vezes teremos que ver o mesmo enredo só mudar de personagem? É deveras cansativo. Muitas vezes não termina em tragédia, como na trama original de William Shakespeare, na verdade, na maioria das vezes, quem sofre mais são as pessoas que acompanham a trama, por querer ver logo todos unidos. Admiro filmes inteligentes que o objetivo é algo mais do que te ver roendo as unhas para que tudo dê certo. Adoro quando o personagem principal morre, fica sozinho, qualquer coisa que fuja do esteriótipo do sempre feliz para o dois que lutaram até conseguir ficar junto. Já está batido demais... Mas, assim como tem gente que não se cansa de ver, também tem gente que não se cansa de produzir. Cópias de cópias, uma atrás da outra, insistentemente. A onda está até em um de meus filmes favoritos, no Hellboy, onde o personagem principal é apaixonado por Liz Sherman e sempre foge para vê-la! E o que acontece no final? Ele fica junto dela. Em HQ temos casais que não conseguem ficar junto, porque o superherói não pode revelar sua identidade, como Superman, Homem Aranha (se bem que depois de tanto ficarem longe, acabam casados) e assim por diante. Em qualquer meio de entretenimento, é uma história que rende, e rende muita história, muitos vilões, muitas trapalhadas, muitas risadas e muito nervosismo, porque no final, você só quer ver os dois juntos. Coisa que não conseguimos ver no original, e esperamos ver em outros lugares, até mesmo em nossas vidas. Somos sonhadores, queremos idealizar como será ao encontrarmos a pessoa que escolhemos para ficar o resto de nossas vidas juntos, embalados na mais clássica história de amor que conhecemos. Mas assim como na vida real, nem sempre o objetivo é ficar com alguém, as vezes o personagem é um lobo solitário, que segue seu caminho sem se preocupar com quem ficará no fim de tudo. Suas peças marcaram nossos tempos, William Shakespeare era um grande escritor, mas como será que ele reagiria ao ver uma de suas obras, tão banalizadas? Talvez ele esteja se remexendo no caixão nesse momento...

3 comentários:

  1. num mundo tão fodido, acho que o amor na tela, o bem vencendo o mal, a esperança prevalecendo sobre as derrotas... todas estas equações inspiram e distraem um pouco as pessoas.

    talvez o problema não seja o final feliz em si, mas a forma como é contado. dou como exemplo o brilho eterno de uma mente sem lembranças.
    o "ok" que joel diz no final traz alívio e lágrimas, mas não antes sem o filme ter me surpreendido várias vezes.

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