terça-feira, 28 de setembro de 2010

Assista: BBC - Cleopatra portrait of a killer.

 
Documentário da BBC que narra o trajeto dessa rainha do Egito, que tomou o trono após a morte de seu pai, e não quis dividi-lo com seus outros três irmãos. Seguindo a tradição, ela deveria casar-se com seu irmão, Ptolomeu XIII,  de quinze anos, para continuarem o reinado da família. 

Nessa época, Cleópatra tinha apenas 18 anos.  Roma dominava a todos, e o Egito deveria se decidir entre lutar ou se render ao seu poder. Ela queria ser amiga de Roma, mas seu irmão discordava, e era apoiado por sua irmã mais nova, Arsinoe. Os dois achavam que era hora de enfrentar Roma. Foi quando os irmãos entraram em guerra, e com o povo o apoiando, o rei expulsou sua esposa do reino. Ela então pede ajuda a Julio Cesar, amigo de seu pai, o qual deixou escrito em seu testamento que se houvesse um conflito sobre sua sucessão, Roma deveria ser o juiz imparcial.   Julio Cesar chega então ao Egito com uma pequena frota, para mediar a briga em familia.

Cleópatra sabe que tem que chegar até o general romano antes de seu irmão, e decide seduzir Julio César, entrando escondida em seu quarto, enrolada em um tapete e o seduzir. Nessa época, César tinha 52 anos, e ela 22. Ao ir para a cama com ele, ela estava traindo seus irmãos e seu país. Ptolomeu a viu na cama com César, e saiu correndo, gritando ao povo a sua traição. 
Tropas leais aos seus irmãos preparam-se para lutar e cercam o palácio onde Cesár havia montado seu quartel general. Para impedir a guerra, César toma Ptolomeu e Arsinoe como reféns. Cercado no palácio, César não conseguiria chamar reforços, e tomando uma medida desesperada, ele mandou incendiar os navios do cais, para distrair a população. 

O fogo tomou conta das casas mais próximas do cais, e isso fez com que o povo deixasse o palácio para tentarem salvar suas casas. César correu com o seu exército para o cais, e foi até a sétima maravilha do mundo antigo, o farol de Alexandria, para avisar os navios sobre os recifes. Quem controlasse o farol, controlaria a entrada em Alexandria. 

Enquanto isso, Arsinoe conseguiu fugir do palácio, e os rebeldes a proclamam rainha, para conduzí-los na revolta contra César e Cleópatra. Arsinoe mandou seu próprio exército para a ilha, onde César estava com sua tropa, e foi pego desprevinido. Romanos e egípcios lutaram, enquanto César nadou para salvar sua vida. Ele quase morre afogado, por tentar nadar com sua armadura, mas ao tirá-la, consegue nadar por mar aberto.  Ele se salva e volta para o palácio. O herói de Roma havia sido derrotado por Arsinoe, e o farol de Alexandria se tornou símbolo de sua famosa vitória. Quando o manto de César foi içado nos muros do Egito, ficou claro que ela havia humilhado o império de Roma. Os rebeldes começaram a brigar entre si, e nesse momento, César trouxe um reforço da Síria. Ele teve seu contra ataque. Ele havia prometido a sua amante, lhe devolver o trono e estava na hora de honrar sua promessa. 

Ptolomeu foi perseguido pelas tropas romanas, e acabou afogando-se com a sua pesada armadura de ouro, tentando escapar pelo Nilo. Ela não precisou derramar seu próprio sangue para vencer a primeira etapa da reconquista de seu império. Arsinoe foi feita prisioneira. César havia vencido, mas não assumiu o Egito, ele colocou Cleópatra no trono novamente. Pela tradição, ela teria que se casar com seu último irmão sobrevivente, que tinha por volta de 12 anos de idade. Arsinoe havia sido levada acorrentada para Roma, prisioneira de César.

A rainha Cleópatra e sua irmã Arsinoe.
Para comemorar seu triunfo sobre o Egito, César promove um desfile de prisioneiros egípicios capturados em Alexandria. O costume era deixar o prisioneiro principal no final do desfile e estrangulá-lo até a morte.  Atrás dela, seguiu uma maquete do farol de Alexandria em chamas, usado para humilhá-la no que seria o símbolo de sua vitória. 

Mas o povo que assistia ao desfile, não via uma rebelde, só uma jovem, acorrentada e desesperada, e por esse motivo, sua vida havia sido poupada. Foi quando ela foi banida para Éfeso, hoje a Turquia. Foi levada até o templo de Artemis, outra maravilha do mundo antigo. 

Dois anos depois, Julio César morria esfaqueado.  Com sua morte, não havia ninguém que pudesse impedir a ambição de Cleópatra, de ser a única rainha. Algumas semanas depois, ela mandou matar seu marido e último irmão.  O império romano tinha um novo governador, Marco Antônio. O poder estava centralizado em Éfeso, onde Marco Antônio havia gasto tudo que tinha em uma vida desregrada, deixando-o falido. Ele tinha inimigos por todos os lados, e suas guerras eram caras.

Foi quando ele se interessou pelas riquezas do Egito. Ele marcou um encontro com a rainha, mas ela se fez de dificil, negando o encontro. Mas um dia apareceu no local do encontro. Seu interesse por ele era tão somente chegar até sua irmã, e ele só queria as riquezas de seu país. Passaram então um ano, promovendo banquetes um para o outro, e ela não o deixando só uma vez. Eles caçavam, bebiam, jogavam juntos. E armaram então um plano para assassinar Arsinoe, arrastando-a para fora do templo e a matando brutalmente. Foi considerado o maior crime da época, devido ao significado do templo e da brutalidade do ocorrido.

Onze anos depois da morte de Arsinoe, Cleópatra e Marco Antônio tentam assumir o controle do império romano, mas suas tropas foram aniquiladas. A rainha então, não teve outra alternativa a não ser acabar com a própria vida, ao ver seu império ser tomado. Ela não havia pensado que ao eliminar seus irmãos, estava acabando com os sucessores no trono, deixando caminho livre para Roma. Ela achou que estava usando César e Marco Antônio, mas ela acabou transformando seu país em província do império romano.


A possível ossada da princesa Arsinoe.
O Documentário se desenrola em torno de um esqueleto que é descoberto em uma tumba em Éfeso, hoje Turquia. Nos limites da cidade não era de costume a construção de tumbas, e as quatro que haviam sido encontradas até então, eram de quatro homens importantes da história. Assim que descoberto, nota-se que se trata de um esqueleto feminino, jovem, e os primeiros arqueólogos, lá deixaram o esqueleto, não vendo importância devido as suas dimensões. 

Até uma arqueóloga encontrar a tumba, enquanto escavava ruínas romanas. Era uma tumba octagonal, na rua mais importante da cidade, e essa arqueóloga pesquisou na história, se poderia ter existido alguém que pudesse ter sido enterrada nessa tumba tão fora do comum. Foi então que ela encontrou em relatos romanos, o violento assassinato da princesa Arsinoe, irmã de Cleópatra. 

Esses relatos, foram escritos 300 anos após o suposto assassinato de Arsinoe, e não se sabia até onde era lenda, ou verdade. Se esse esqueleto fosse realmente dela, seria a primeira vez que alguém da família de Cleópatra havia sido encontrada. As análises dos ossos continua sendo feita por um especialista, que consegue identificar que o esqueleto é de uma mulher jovem, e através da datação de carbono, consegue-se chegar a uma data próxima da existência de Arsinoe. Mas havia um problema, a parte mais importante estava faltando: o crânio. 

Descobriu-se então, que os primeiros arqueólogos que estiveram na tumba, levaram o crânio para a Alemanha, que acabou se perdendo no caos da segunda guerra. Mas antes de desaparecer, um arqueólogo registrou suas dimensões. E notou que o formato desse crânio lembrava de outros que já havia visto antes no Egito. Fotos e medidas descritas por ele, foram encontradas e entregues para um equipe de reconstrução facil inglesa. Que reconstruiram o crânio em realidade virtual, e confirmaram pertencer a uma jovem mulher.

De volta a tumba, uma peça dela havia sido enviada para Viena, colunas que pareciam feixes de papiro egípcio, onde provavelmente eram acesas tochas. Os arqueólogos então, uniram 170 pedaços da tumba em ruínas e conseguiram reproduzir como ela seria, scaneando cada peça e remontando no computador. É quando a arqueóloga que leva a pesquisa adiante, nota a semelhança da tumba octagonal, com o topo do farol de Alexandria.

Através da imagem em 3D do crânio, foi possível imprimir em 3D uma réplica de como ele seria. Através dele, foi possível confirmar que a familia delas não provém da Grécia como antes imaginavam, mas sim da África. Isso tudo através do formato do crânio. Sua família tinha sangue europeu, mas também africano.

Depois de ver esse documentário, a gente passa a ver que além de bela, dissimulada e corajosa, essa figura tão lendária, pode ser também uma mulher de sangue frio, que lidou com todos os obstáculos para chegar até o reinado absoluto, mas que sucumbiu a sua própria ganância.

Produzido em 2009, com 59 minutos. Muito Bom! Recomendo pra quem gosta de história e documentários.

Nota: 8